terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Sentimentos Naturais

Amigo, queres um resultado
A fim de o ego no céu tocar.
Sabes que essa vontade é mar
Ao invadir um pilar inacabado?

Podeis até desconstruir, tentar
Inda que a água o tenha tomado,
Saibas que teu bom agrado
Não tardará a se anuviar.

O pilar mesmo que naufragado,
Inda à espera de ser findado,
Sente em tempo o cair do mar

Cujo vento sopra no tear
Do pilar do mar debilitado
Mas naufragado sobrevive ar.

Finalizado em 22 de dezembro de 2015




quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Só das estrelas ouve quem já amou


Ouço as estrelas e as guardo para mim

Como um reluzir brilhante no céu, 
Que, ao crepúsculo, se esgueira ao fim
E se esconde por entre as terras em véu.

Ouço as estrelas e as entendo enfim
Após um belo e silencioso repousar
E, pelos ventos, elas sopram para mim
Que um calor faz o sabor do meu amar.

Ouço as estrelas e tresloucado vos sou.
Se não as ouve ou de as sentir não é capaz
Fala-me então desse coração mordaz,

Confessa a mim essa condição de incapaz,
Como Bilac em sua máxima antecipou:
“Só das estrelas ouve quem já amou”.


Em 06 de agosto de 2015

sábado, 16 de maio de 2015

Soneto da árvore sem amor

Sem você estou abaixo, 
Estou aqui, estou assim
Malogrado e cabisbaixo,
Sozinho, perdido, sem mim.

Sem você, a velha árvore
Na velha outonal vida,
Coração firme: mármore,
Que não susta... despedida. 

Sem você, adeus ao ar,
Na partida, o orvalho lento
No eu íngreme, meu desalento,

Dói no amar, no pensamento,
Da velha árvore, vindo do olhar,
No coração faz salpicar.

Em 15 de maio de 2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

De Tanta Cor, Meu Coração Parou


À pedido do amigo Alex Costa.

I

A cor vinda de ti
Era como poesia 
A meus olhos encantar

A poesia vinda de ti
Era como música
A meus ouvidos embalar.

A música vinda de ti
Era como cor 
A minha vida pincelar.

II

Ah, que esse moreno
Tem me consumido
cartas, poesia, canção.

Ah, que esse moreno
Tem me consumido
Gaita, cavaquinho, violão.

Ah, que esse moreno
Tem me enlouquecido
Miúdos olhos. –Não!

III

Me disse não,
Eu disse sim,
Fui-me afundando.

Me disse sim,
Eu disse não,
Fui-me estancando.

Me disse não, 
Eu disse não,
Fui-me acordando.

IV

Faltou-me o beijo,
Sobrou sorriso,
Ficou desejo.

Restou-me o riso, 
Cresceu o ensejo,
Chegou o abismo.

Vi-lhe num beijo,
Deu-me um sorriso,
Faltou-lhe pejo.

Em 03 de fevereiro de 2015