Podem até parecer diferentes, ou iguais, e são, ambos. O morador de uma periferia de Fortaleza sempre vai achar um bocadinho da sua em uma outra periferia de Fortaleza. Foi o que aconteceu hoje, lá pelas bandas do Titanzinho.
"É o que chamamos de ilha", essa foi a frase de entrada no Mucuripe. Aquele pedaço da cidade que só vai pra lá quem realmente vai fazer alguma coisa na região. Entre a Praia do Futuro, um ponto turístico, e o finzinho da Beira-Mar, um outro ponto turístico, pasmem: há mais um local para a turistada. Ou pelo menos deveria haver.
O Farol do Mucuripe, cantado e adorado pelos fortalezenses de nascença e de vivência está entregue a Deus dará. A maresia, a segunda maior do mundo, toma conta do prédio construído há quase duzentos anos e que representa uma parte viva da história de Fortaleza. Se não fosse o grafite do Grud e do pessoal do Concreto, dificilmente o poder público tomaria para si a proposta de revitalização (que até agora não aconteceu). O Concreto foi há um ano atrás, mas o Farol resiste e a arte urbana pintada nele também.
A vista do Farol então é um esplendor. A Praia Mansa e a do Titanzinho completam essa visão que, ligadas a um rápido pôr-do-sol, já atestam a beleza descomunal de uma das periferias mais removidas de Fortaleza. Remoção deveria ser o sobrenome do bairro (ou da comunidade) se o houvesse. Viver sempre na espreita, na tentativa e na esperança de não ser removido, de não ser jogado para um canto e depois para um outro, sempre em pé-de-fuga expulsos pela tão famosa especulação imobiliária. O estaleiro já caiu. E aquele "suposto lazer" que seria dado em uma área onde o pessoal costumava viver, surfar e se divertir também não encontra abrigo e morada nesse bairro tão maculado pela imagem negativa.
Negatividade que nem tem o Pirambu. Outro bairro da periferia de Fortaleza que sofre com as remoções e com a falta de apoio do poder público. As ruas estreitas do Titan são iguaizinhas às do Pirambu, com o povo sentado na rua, conversando miolo de pote e rindo; os bares do Piramba são points que nem os do Titan, e da criatividade deles então... nem se fala. Comunidades que têm uma similaridade grande entre si e uma relação estreitíssima com o mar. O surf e a pesca são os maiores exemplos dessa relação, fazem parte do dia-a-dia dos moradores. Difícil é entrar em uma rua do Titanzinho e não ver um rapaz com uma prancha com aquela sede de cair no mar, ou como no Pirambu, mais difícil ainda é não conhecer um pescador que se coloca no mar para poder alimentar a família.
O Titanzinho é o cenário perfeito para as novas histórias que passarei a conhecer com o Coletivo Audiovisual que conheci pela Universidade. Em uma mostra de como a extensão universitária pode produzir saber e aprendizado para, com ela, relacionar o meu mundo com o alheio. Se o Pirambu e o Titanzinho têm mais similitudes, isso eu só vou saber daqui pra frente. Que comece!
Em 03/12/2014
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