Manter o ritmo de uma obra-prima como a primeira parte da saga da família Corleone é, no mínimo, um desafio; e o Poderoso Chefão Parte II (The Godfather: Part II, 1974), também dirigido por Francis Ford Coppola com base no roteiro e no romance de Mário Puzo, consegue elevar ainda mais o status quo da trilogia. Tida como a melhor sequência de todos os tempos, a obra cinematográfica é repleta de sutilezas e, mais do que nunca, nos reapresenta à verdadeira face do submundo da máfia americana mais querida da sétima arte.
Concomitantemente, somos apresentados a Vito Andolini (Robert De Niro), um jovem rapaz de nove anos que, ao ter a família assassinada por um Don italiano, é ajudado por alguns conhecidos e se muda para Nova York; Andolini, renomeado na alfândega de Corleone em razão da sua cidade de origem, passa a viver em um bairro ítalo-americano, devido a alguns acontecimentos um tanto "naturais" para a saga, Vito ganha prestígio dentre os moradores e, a partir dai, seu império começa a ser formado; em outra época, Michael Corleone (Al Pacino) dá prosseguimento à história iniciada no filme de 1972, agora ele deseja expandir seus negócios para Hollywood e Havana, para tanto, necessita da "amizade" de Hyman Roth (Lee Strasberg), um velho conhecido de seu pai e dono da maior parte da rede hoteleira cubana. Entre traições, brigas de família e a revolução de Fidel Castro, o filme entra no seu clímax.
O roteiro, mais uma vez assinado por Mário Puzo e Coppola, dá uma verdadeira aula de cinema. Agora, os negócios convergem com a personalidade de Michael, que mais frio do que nunca, protege sua família de um modo um tanto adverso quando comparado ao seu pai. Poucas vezes na pelicula, observamos a reunião familiar, o que reitera a incapacidade do personagem em comungar assuntos com a família, algo que era extremamente sagrado para Don Vito. Diálogos fortes, ricos de sentimento com momentos esplendorosos. "Mantenha seus amigos por perto, e seus inimigos mais perto ainda", dizia Michael em uma das frases antológicas do filme.
Sem o brilhantismo de Brando do primeiro filme, o segundo não perde em atuações magníficas. Al Pacino se reafirma como um dos grandes atores de todos os tempos em uma atuação digna de elogios infinitos, com reações sentimentais que o comparam ao seu irmão, Santino Corleone, o personagem flutua entre o chefe de família que pensa como seus inimigos e um pai que não se controla perante à uma ofensa fraternal. Robert De Niro, outro gênio na arte de atuar, consegue fazer jus ao gângster mais querido do cinema, e com um trabalho de voz que remete automaticamente à Brando, deixa qualquer um estupefato diante de tão grandiosa interpretação de um ator coadjuvante.
A direção de Coppola, agora corretamente premiada pela Academia, se mantém fiel ao primeiro longa e continua a manter, junto a Gordon Willis, o diretor de fotografia, a atmosfera sombria da máfia americana. O diretor nos mostra as grandes belezas da Sicília e, em Nova York, ambienta perfeitamente duas histórias em épocas distintas sem mesclá-las e dá a cada uma seu potencial criativo e sua real atmosfera. Seu trabalho com os atores rendeu ao filme cinco indicações, onde De Niro foi premiado como coadjuvante.
É quase impossível separar a primeira obra da segunda, elas são complementares, o primeiro necessita do segundo e este não existiria sem aquele, sendo assim, a continuação da trilogia da família Corleone mantém a qualidade introduzida pelo primeiro longa e nos faz uní-los a uma obra só graças à perfeita coesão entre elas. Sem dúvidas, novamente, fiquemos de pé para que os aplausos aos grandes realizadores soem sem barreiras e alcancem qualquer alma que necessite de um pouco mais de arte na vida.
peeeeeeeeeerfeitoooooooooooooooo
ResponderExcluirA trilogia toda é bastante perfeita, hein? Mas, convenhamos que as duas primeiras partes tem sua marca importante. <3
ResponderExcluir