quarta-feira, 22 de maio de 2013

Discurso de despedida do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros em 2011.


E o tempo passa. Ao longo de 11 anos escrevemos nossa história no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros, passamos por alegrias, por dificuldades, por sorrisos e principalmente por um processo significativo na nossa vida. Isso não significa que essa vida acaba no Terceiro Ano do Ensino Médio, mas sim que o primeiro passo para a autorrealização foi dado. Dói ao saber que não teremos mais a rotina que nos era exigida. Alguns podem até dizer que enfim estão livres das formaturas matinais, dos 7 de Setembro etc, mas tenho certeza que isso também fará falta, assim como afirmo que sempre que virem alguém em forma, lembrarão dos tempos em que aquilo era uma obrigação e aquela vontade de fazer parte do pelotão será tão forte que gritaremos ao mundo: Eu fiz parte disso!

O primeiro dia no colégio todo mundo lembra! Aquele muro vermelho que trazia um ar de responsabilidade e provocava certo medo do regime. Ao entrarmos, percebemos que estávamos em outro mundo e que ali tudo seria diferente do que nós, calouros, conhecíamos. Aquela farda: Calça jeans e camisa branca. Ninguém gostava dela, mas não pela sua beleza, mas sim porque sonhávamos com aquele uniforme de Trânsito e aquela boina. Aquela farda que aumentaria o nosso ego e nos tornaria mais belos.

Aos poucos fomos conhecendo nossos amigos, criando um vínculo e que, até hoje, com alguns perdura. Corremos pelo pátio, trocamos lápis-de-cor, nos apaixonamos por coleguinhas de sala e crescemos. Brincamos um pouco mais, conhecemos um pouco mais da vida, passamos por alguns professores, Fizemos parte do Projeto Botinho, fomos até a sala da Tia Ilca (Cá pra nós, sempre dava medo ir à sala dela). Trocamos merenda, furamos fila, frequentamos a aula de Multimeios, mechemos no paint no laboratório de informática e crescemos. Em um pulo... Estávamos no Fundamental 2.

E a 5° série chegava e a nossa estadia chegava pouco a pouco mais perto do fim. Tivemos o Primeiro 5° tempo, coisa que ninguém gostou. Nossos professores, naquele momento, eram muitos e isso era muito legal. Fomos apresentados à Física, à Química e à Biologia e ali, percebemos o quanto elas eram difíceis. Passamos a ser perguntados nas ruas quando seria o próximo concurso e, mesmo sem saber a resposta, aquilo provocava uma felicidade interior. Vimos vários amigos deixando o colégio, quer seja por reprovação ou por ironia do destino, e aquilo doía também, em contrapartida, amigos foram chegando e preenchendo esse vazio.  A ordem aumentava e continuávamos a entrar em forma todos os dias. A amizade ia crescendo e passamos a sentir saudade da infância. Em um piscar de olhos... Estávamos no Ensino Médio.

Três anos que mais pareceram um só, o tempo passou com uma volatilidade tamanha. Celebramos a amizade mais do que nunca e conhecemos, realmente, nossos amigos. E os amamos desse jeito. Vimos que o passado estava longe e que ser adulto estava mais próximo do que esperávamos. Passamos por problemas, brigas, discussões e até por inimizades, mas percebemos que todas as dificuldades que tivemos até então eram mínimas quando comparadas às que teremos e que se tornariam menores ainda caso contássemos com o apoio de nossos amigos. Professores deixaram de ser simplesmente educadores e passaram a ser, muitas vezes, nossos amigos também. Conhecemos um cara que luta pelo nosso ideal, o nosso monitor.  Aprendemos a ser extremamente competitivos, a ganhar batalhas e a pensar em um caminho para seguir. Até pouco tempo éramos simples adolescentes ingênuos cujas preocupações eram apenas passar de ano e preparar a tarefa para a próxima aula, hoje em dia isso vai além do nosso próprio entendimento.

Seria bom se não tivéssemos de dizer adeus, mas o fim da nossa estadia em um dos locais que mais amamos se faz presente. Espero que cada um leve consigo uma mala singela repleta não só do aprendizado acadêmico, mas também de uma vida, VIVIDA lá dentro, nesse mundo de poucas pessoas e de vários corações. Nesse NOSSO mundo, o que construímos e o qual lembraremos sempre que pensarmos em algo reconfortante. Espero que consigamos preservar o que arrecadamos nesses 11 anos, e que quando nos reencontrarmos, façamos desse dia uma válvula de escape para o passado e que isso nos faça feliz como nunca fez. E aqui fica: um sorriso por todos os amigos que fizemos, uma lágrima por todas as batalhas que juntos vencemos e um brinde a tudo que ainda temos para viver. Então... Bebei amigos, Yo-ho!


Carlos Eduardo Pereira Freitas, Amanda Alcântara, Michelangelo Lima e Cindy Damasceno.

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